Eu falo a sério
Há quem ceifa
A tua sina a uma sexta
Não sei mais do que devia
Cada frase é uma ferida
Troco de pele em cada esquina
Eu não me lembro de outras vidas
Mas quando te vi na minha
Senti que já existias
Só amor puro fica
Só a dor purifica
Os teu olhos são interesseiros
Nem o diabo os decifra
Cobras veem ter comigo
Sobem sem ruído
Mordem-me o ouvido
Esse sangue é nocivo
Tens de ser bravo
A vida é breve
Todo o barco aqui se perde
Serve a causa do teu ser
Deixei a casa arder
Vi o céu ficar cinzento
Minha alma estava ausente
Aqui quem fuma mais é o vento
Quem gira mais é o tempo
Esfinge finge e não me atinge
Sou poeta, sou o mito
Só escrevi o que foi dito
Por alguém que já não está ao vivo
Nesta praxe há uma prancha
No meio do alto-mar balanças
Entre ondas numa dança
Deixa-te ir, deixa-te ir
Quem me fez
Não me fez
Pa' ser peão neste xadrez
Pôr um preço numa crença
Há sempre algo a perder
Só se importa o sincero
Nunca acaba zero-a-zero
A bola bate na parede
E o jogo começa outra vez

E outra vez
E outra vez
E outra vez
E outra vez ...
E outra vez
E outra vez
E outra vez ...

'tás dentro do matrix

Eu toco uma guitarra
Com as cordas cortadas
Eu voou como um pássaro
Dentro de uma jaula
Há leis escritas na alma
Que não precisam de papel
Ultrapassam a verdade
Que envelhece nossa pele
Alguém que leia minha palma
Vê que já queimei a pauta
Pa' tentar entrar no ritmo
Que ninguém sincronizava
Vivo no segundo mundo
Entre topo e o fundo
Ser louco é luxo
Mas há luz no escuro

E o jogo começa outra vez ...

E outra vez
E outra vez
E outra vez
E outra vez ...
E outra vez